Dra. Carla Bortoloto fala sobre as doenças que podem afetar a pele quando estamos acima do peso
Não é de hoje que se sabe o quanto estar fora do peso pode comprometer a saúde. Com a pele – maior órgão do corpo – isso não é diferente. “Os quilinhos a mais podem causar efeitos diversos nas estrutura e fisiologia da pele, interferindo em sua aparência, textura e, até mesmo, em funções básicas, como na microcirculação e na cicatrização”, comenta Carla Bortoloto, médica especializada em Dermatologia clínica e cirúrgica, tricologista, professora da Pós-Graduação em Dermatologia das Faculdades BWS, Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia Clínico Cirúrgica (SBDCC) e da American Academy of Dermatology (AAD).
Segundo a especialista, estar acima do peso pode tanto agravar problemas de pele já existentes, como micoses e foliculite, até desencadear outros.
A seguir, Carla Bortoloto fala sobre alguns desses problemas:
Acne
O excesso de peso diminui a produção de SHBG (globulina responsável pelo transporte de hormônios sexuais), e isso faz com que a testosterona livre aumente no corpo. Com essa alteração, há o aumento de oleosidade na pele, o que leva ao (re)aparecimento da acne. Além disso, os quilinhos extra também fazem com que o organismo desenvolva resistência à insulina (hormônio que metaboliza a glicose), o que agrava ainda mais o quadro.
Mas esses problemas têm fácil tratamento, que pode envolver reposição hormonal, medicamentos de uso oral e tópico, além do uso de laser.
Hirsutismo
Outro problema que pode surgir com o aumento de peso – e as consequentes alterações hormonais e resistência à insulina – é o hirsutismo. A doença é caracterizada pelo surgimento (ou aumento) de pelos nos glúteos, parte interna das coxas, abaixo do umbigo, ao redor dos mamilos e face, o que causa grande desconforto às mulheres.
Seu tratamento deve englobar medicamentos para reequilibrar os níveis hormonais e para reduzir a resistência à insulina. Já as depilações a laser ajudam na parte estética.
Escurecimento da pele
Áreas de dobras da pele, como virilhas e axilas, também costumam sofrer com o excesso de peso. Mas, nesse caso, a hiperpigmentação da pele pode ser causada não apenas pelo aumento de peso, mas também por alterações hormonais, diabetes e ovários policísticos. Além disso, o atrito da pele com a pele, costuma piorar ainda mais o problema. E quanto mais escura a tonalidade da pele, maior a chance de ela manchar, devido à sua quantidade de melanina (proteína que dá sua cor).
A indicação de tratamento vai depender do grau de hiperpigmentação da pele, mas pode envolver desde o uso de ácidos e cremes clareadores, até tratamentos realizados em consultório, como peelings e laser.
Estrias
O ganho de peso também pode quebrar as fibras elásticas que dão sustentação à pele, fazendo com que regiões, como coxas, glúteos, flancos, abdômen e seios ganhem estrias.
O uso constante de cremes e óleos hidratantes pode ajudar a prevenir o problema, mas, caso as marcas já tenham surgido, alguns procedimentos são capazes de melhorar o aspecto da pele, diminuindo o número de depressões ou até mesmo fazendo com que desapareçam. Entre os mais modernos está o microagulhamento associado à radiofrequência e ao drug delivery.
Celulite
Ganhar quilinhos extra também facilita o acúmulo de gordura e toxinas na região subcutânea, além de alterar a estrutura do colágeno da pele, deixando a pele em um constante estado inflamatório. Isso facilita a instalação da celulite, em seus diferentes graus de ondulações e desníveis, trazendo desconforto e, em alguns casos, dor.
Entre os tratamentos indicados, estão o uso de cremes e medicamentos via oral, além de procedimentos em consultório, como radiofrequência, endermoterapia, ultrassom, corrente russa e mesoterapia, entre outros.
Queratose Pilar
Quando o excesso de peso é acompanhado pela resistência à insulina (o que é comum), também é possível que surja a Queratose Pilar. São “bolinhas” queratinizadas que se formam ao redor dos folículos pilosos na região superior dos braços (mais comum), coxas, glúteos e rosto, dando à pele um aspecto ressecado e áspero.
Para amenizar o problema podem ser indicados cremes com alto fator de hidratação, como os a base de ureia ou de vitamina A, além de suplementação vitamínica. No caso das pernas, também é importante optar por um método depilatório menos agressivo, como o laser.
Acrocórdon
Outro problema que pode acometer a pele de quem está acima do peso são os acrocórdons – lesões benignas perdunculares de coloração variada e tamanho entre 1 e 5 mm – que costumam aparecer em locais de maior atrito de pele, como pescoço, axilas e virilha. Em alguns casos, elas podem apresentar coceira ou ardor e, até mesmo, inflamar.
Essas “verrugas” podem ser tratadas de diversas maneiras em consultório. Pode-se fazer sua remoção imediata, por meio de cirurgia. Já na crioterapia com nitrogênio líquido, o acrocórdon é congelado, inflama, forma crosta e posteriormente se desprende da pele, e na eletrodissecção, a lesão é queimada, forma crosta e depois cai.
Sobre a Dra.Carla Bortoloto
Médica especializada em Dermatologia clínica e cirúrgica, tricologista, professora da Pós-Graduação em Dermatologia das Faculdades BWS, Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia Clínico Cirúrgica (SBDCC) e da American Academy of Dermatology (AAD)
Fonte: Segs
