Quem vive no sul e sudeste do País já começa a sentir os efeitos da baixa temperatura, comum nesta época do ano. Além de predispor a gripes e resfriados, o frio e nossas mudanças de hábito para enfrentá-lo também provocam danos ao cabelo e à pele de diversas áreas do corpo. “A baixa umidade do ar e o frio levam à diminuição da transpiração corporal, o que provoca o ressecamento da pele. Soma-se a isso o costume de tomar banho com água muito quente, que remove a oleosidade natural, deixando-a seca, áspera e esbranquiçada”, explica Adriano Loyola, dermatologista e assessor do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
“No cabelo, a água quente abre a cutícula – a camada externa da fibra capilar –, deixando o fio opaco, áspero e ressecado. Para piorar, a alta temperatura estimula a produção das glândulas sebáceas localizadas no couro cabeludo, aumentando a oleosidade”, explica Valcinir Bedin, dermatologista, tricologista e Presidente da Sociedade Brasileira do Cabelo (SBC).
Para proteger o corpo destes e outros riscos, é importante seguir alguns conselhos:
Na hora do banho
Segundo Carla Bortoloto, médica especializada em dermatologia clínica e cirúrgica, Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia Clínico Cirúrgica (SBDCC), o ideal é que a temperatura da água esteja próxima a 24 ºC. “Acima disso poderá ocorrer a remoção do manto hidrolipídico, a camada de gordura e água que age como um hidratante natural do organismo e protege contra a desidratação cutânea e irritações”, orienta. Evite, ainda, o banho demorado e o uso de buchas agressivas. “Prefira as mais macias e esfregue com delicadeza e suavidade. É importante, também, usar um sabonete que contenha menor quantidade de detergente. Aqueles que contêm agentes hidratantes na composição são os mais indicados, pois ajudam na prevenção do ressecamento”.
Cabelo exigente
Já em relação aos cuidados com os fios, vale o mesmo alerta: passe longe da água quente. “Lave-os com água morna e escolha um xampu específico para seu tipo de cabelo, de preferência mais suave”, explica Valcinir. Evite os de limpeza profunda, por exemplo, que podem irritar o couro cabeludo e provocar um aumento da oleosidade. E para evitar que o cabelo resseque, capriche na hidratação capilar, aplicando uma máscara com a ação reparadora das cutículas uma vez por semana.
Atenção à caspa
Também conhecido como dermatite seborreica, ela se agrava com a queda da temperatura. “Ela atinge principalmente a região da cabeça e do rosto e é causada pelo ressecamento. Os sintomas mais comuns são intensa produção de oleosidade, descamação e coceira”, explica a dermatologista Betina Stefanello, do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Neste caso, o uso de xampu anticaspa ajuda a controlar o problema.
Hidratação superpoderosa
O uso de cremes, loções e óleos corporais é essencial para reter a umidade natural e repor a nutrição perdida. O ideal é aplicar o produto logo após o banho, pois a pele úmida favorece a absorção dos ativos hidratantes. Segundo Carla, durante o inverno o produto usado deve ser mais espesso e conter elevada quantidade de óleo na composição, para oferecer maior poder de hidratação. “Já no rosto aconselho o uso de um hidratante mais potente em relação aos ativos. Mas na maioria dos casos é melhor optar por um veículo menos oleoso, tipo loção ou sérum hidratante, pois os cremes ou pomadas podem deixar um aspecto brilhoso na face ou até mesmo desencadear um quadro de acne importante”.
Joelhos, pés, cotovelos, lábios…
Algumas áreas do corpo tendem a sofrer ainda mais com a queda da temperatura e merecem atenção especial. “A pele dos joelhos, pés e cotovelos, por exemplo, costuma ficar mais descamativa e áspera, e deve ser hidratada várias vezes ao dia, com produtos mais espessos e componentes mais eficientes para tratar o problema, como a ureia”, aconselha Valcinir.
Motivos não faltam, também, para redobrar a atenção com as mãos. Afinal, a pele que reveste seu dorso é fina, delicada, conta com pouca quantidade de glândulas sebáceas e está sempre exposta à ação de raios solares, frio, produtos químicos e uso excessivo de água quente. Resultado: resseca facilmente. “Para evitar que isso aconteça é importante investir em hidratantes específicos para as mãos, que contenham agentes impermeabilizantes, como o silicone, que formam uma película protetora”, orienta Bedin.
Por fim, para evitar rachaduras nos lábios, problema comum com a queda da temperatura, aplique um hidratante específico para essa região, várias vezes ao dia.
Filtro solar, sempre
Os ponteiros dos termômetros abaixaram, mas o cuidado com a proteção solar deve se manter também no inverno. “Ao longo de todo o ano, durante o dia, mesmo que esteja frio, nublado ou chuvoso, há grande incidência de radiação ultravioleta, capaz de lesar a pele. Por isso, mesmo no inverno, aplique um filtro solar com FPS de no mínimo 30 e reaplique o produto de duas em duas horas”, alerta Carla.
Publicado no: Estadão