Dermatite atópica não é impedimento para tomar vacina contra Covid-19

Dermatite atópica não impede aplicação de vacina da Covid-19

Parte dos ombros e braços de uma mulher jovem descobertos enquanto ela hidrata a área; uma boa medida para controlar a dermatite atópica

Com o avanço da vacinação da Covid-19 é natural que pessoas com doenças imunomediadas, antes chamadas de doenças autoimunes, tenham dúvidas sobre a aplicação do imunizante. Uma dessas doenças é a dermatite atópica.

Trata-se de uma doença crônica e inflamatória, que atinge a pele, gera erupções que coçam, provocam crostas e costumam surgir nas dobras dos braços e das pernas (parte de trás dos joelhos). Em geral, quem sofre do problema apresenta também doenças como asma e rinite alérgica.

Embora esteja associada a manifestações respiratórias, a dermatite atópica (DA) não é considerada comorbidade e não constava na lista de doenças crônicas do grupo prioritário para receber a vacina contra Covid-19. Isso porque estudos indicaram que a doença não implicava no desenvolvimento de complicações fatais em pessoas com DA.

Há alguma restrição quanto ao tipo de vacina que uma pessoa com dermatite atópica deve receber?

A resposta é: depende. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) caso o paciente de dermatose imunomediada esteja em uso de imunossupressores, recomenda-se que receba vacinas contra Covid-19 produzidas a partir de vírus inativado, como é o caso do imunizante fabricado pela Sinovac. Do contrário, não há restrição quanto ao tipo de vacina.

Vale lembrar, ainda, que pacientes em uso de imunodepressores podem ter uma resposta reduzida em relação ao imunizante. Para minimizar impactos do tipo, é interessante que o paciente converse com o dermatologista que o acompanha para verificar se é possível fazer um intervalo no uso de medicamento após a imunização, programando a reintrodução do tratamento após quatro semanas do recebimento da dose vacinal.

3 perguntas e respostas sobre dermatite atópica e Covid-19

  1. Dermatite atópica é fator de risco para Covid-19
    Não. Por essa razão pessoas com DA não foram inseridas nos grupos prioritários.
  2. Por que algumas pessoas têm a sensação de que a dermatite atópica se agravou com a crise do novo coronavírus?
    Muito possivelmente em razão da necessidade de lavar as mãos com mais frequência, fazer uso de álcool em gel e tomar banhos mais vezes, o que provoca maior ressecamento da pele.
  3. Pessoas que fazem uso de imunossupressor ou imunobiológico devem ser algum cuidado especial?
    Devem ter o cuidado de não suspender o uso de medicamentos sem a orientação médica, além de manterem atenção aos meios de proteção contra Covid-19, assim como as demais pessoas.

Mantenha-se alerta: até 17% de pacientes com Covid-19 apresentam lesões na pele

Estudos nacionais e internacionais revisados por pesquisadores da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) indicam que de 8% a 17% dos pacientes que são contaminados pelo novo coronavírus desenvolvem lesões cutâneas antes dos sintomas mais clássicos da Covid-19.

De acordo com nota técnica da SBD, essas lesões precedem, em média, três dias os sintomas gerais e quadros de urticária são os mais relatados entre pacientes. Veja outros tipos de sinais na pele confirmados pelas revisões:

  • Vesículas;
  • Manchas azuladas na pele (livedo);
  • Alterações na pontas dos dedos das mãos e dos pés, entre outros.

As lesões de pele, aparentemente, não têm relação direta com a gravidade e geralmente desaparecem com a melhora da doença. É relevante salientar que algumas crianças com o novo coronavírus podem ter apenas lesões de pele, mas sem sintomas respiratórios.

Veja também: Dra. Carla Responde
Neste vídeo, o assunto é a relação da pandemia do novo coronavírus com a queda de cabelo.

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Dra. Carla Bortoloto
Dra. Carla Bortoloto
Médica dermatologista, CRM-SP 122.883, formada pela UNIG (RJ). Especializou-se em Clínica Médica e Medicina Interna pela Casa de Saúde São José (RJ) e em Dermatologia Clínica e Cirúrgica pela Faculdade de Medicina Souza Marques (RJ). É membro da American Academy of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Dermatologia Clínica e Cirúrgica (SBDCC).

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