Como escolher o protetor solar ideal | Dra. Carla Bortoloto

Dossiê do protetor solar: como escolher o melhor produto

Protetor solar laranja com fundo de uma praia

Se você acha que só precisa usar protetor solar quando vai à praia, à piscina ou quando faz atividades ao ar livre, está mais do que na hora de rever seus conceitos. O produto é o melhor aliado da saúde da pele e deve estar presente diariamente na sua rotina.

Até porque, além de oferecer proteção contra os efeitos nocivos da luz visível (a do sol, das lâmpadas, do computador, do celular, etc.), o protetor solar ainda oferece outros benefícios como hidratação, controle de oleosidade, combate a manchas e, principalmente, ao envelhecimento.

A seguir, vou explicar qual é o efeito do protetor solar na pele e dar dicas de como escolher o produto mais adequado.

Por que o protetor solar é tão importante?

Toda exposição à radiação ultravioleta (UV) tem efeito cumulativo que penetra profundamente na pele, sendo capaz de provocar diversas alterações, como o bronzeamento e o surgimento de pintas, sardas, manchas, rugas e outros problemas.

Quando a exposição solar ocorre em excesso e de forma desprotegida, também pode causar tumores benignos (não cancerosos) ou cancerosos, como o carcinoma basocelular, o carcinoma espinocelular e o melanoma.

Diante de tantos efeitos nocivos da radiação ultravioleta, já é possível imaginar que o protetor solar entra em cena para salvar o dia, certo? É isso mesmo! Mas, para que a proteção seja efetiva, o produto deve atender a algumas especificidades.

Explico quais são elas a seguir!

O básico indispensável ao protetor solar

Um bom protetor solar deve ter amplo espectro, ou seja, ter boa absorção dos raios UVA e UVB (vou explicar a diferença entre eles em breve), não ser irritante, ter certa resistência à água e não manchar a roupa.

Além disso, ele pode ser físico ou químico. Nos dois casos, a questão do amplo espectro deve ser observada, apesar das diferenças entre os produtos:

· Protetor solar químico

Possui moléculas que absorvem a radiação ultravioleta e a transformam em uma radiação de baixa energia, que não causa danos à pele. Funciona como uma espécie de “esponja” da radiação, transformando-a em calor.

Protetor solar físico

Também chamado de inorgânico, é composto por minerais, como dióxido de titânio e óxido de zinco, que se depositam na camada mais superficial da pele e, assim, refletem a radiação ultravioleta. Por essa ação mais superficial, é o tipo de protetor solar mais indicado para crianças, pessoas alérgicas e grávidas.

Independentemente de o protetor solar ser químico ou físico, é fundamental observar quais são as especificidades do produto com relação à radiação solar. Vamos entender sobre elas.

UVA e UVB: o que observar no protetor solar

Como disse anteriormente, o protetor solar eficiente deve oferecer boa ação contra a radiação UVA e UVB. Essa ação pode ser avaliada de acordo com algumas especificações, dependendo do tipo de radiação.

UVA

A radiação UVA tem comprimento de onda mais longo e sua intensidade pouco varia ao longo do dia. Ela penetra profundamente na pele e é a principal responsável pelo fotoenvelhecimento e pelo câncer da pele.

Não há consenso quanto à metodologia do fator de proteção UVA. Ele pode ser mensurado em estrelas de 0 a 4 — onde 0 é nenhuma proteção e 4 é altíssima proteção — ou por números:

  • Menos que 2 indica nenhuma proteção;
  • De 2 a 4 indica baixa proteção;
  • De 4 a 8 indica média proteção;
  • De 8 a 12 indica alta proteção;
  • Mais do que 12 indica altíssima proteção.

PPD

Outro fator a se observar no rótulo do protetor solar com relação à UVA é o valor de PPDPersistent Pigment Darkening — que mede o bronzeamento que a pele sofre após a exposição. É interessante que o PPD seja de, pelo menos, 1/3 do valor do FPS — Fator de Proteção Solar.

UVB e FPS

A radiação UVB tem comprimento de onda mais curto e é mais intensa entre 10h e 16h, sendo a principal responsável pelas queimaduras solares e pela vermelhidão na pele. A ação do protetor solar contra essa radiação é medida por um velho conhecido nosso: o FPS.

O FPS também é medido por números, sendo que:

  • 2 a 15 indica baixa proteção contra a radiação UVB;
  • De 15 a 30 indica média proteção;
  • De 30 a 50 indica alta proteção;
  • Mais do que 50 indica altíssima proteção.

Para não se atrapalhar com tantos números, fique sempre com o protetor solar que oferece os valores mais altos. Tanto em relação ao bloqueio de UVA quanto de UVB. Assim, quanto mais alto o PPD e o FPS, mais protegida está a sua pele.

E o que mais levar em consideração na hora de escolher o melhor protetor solar? O seu tipo de pele! Veja mais detalhes a seguir.

Protetor solar ideal para o seu tipo de pele

O veículo do protetor solar (gel, creme, loção, spray, bastão) também deve ser considerado na sua escolha. Isso ajuda na prevenção de acne e oleosidade: problemas comuns quando se usa produtos inadequados para cada tipo de pele.

Veja o que é recomendado para o seu caso:

· Pele normal

Tem textura saudável e aveludada, produzindo gordura em quantidade adequada, sem excesso de brilho ou ressecamento. Geralmente, apresenta poros pequenos e pouco visíveis. Aqui, qualquer tipo de protetor solar é bem-vindo;

· Pele seca

A perda de água em excesso faz com que tenha poros poucos visíveis, pouca luminosidade e maior propensão à descamação e à vermelhidão. Também pode apresentar maior tendência ao aparecimento de pequenas linhas e fissuras. O protetor solar mais cremoso é o mais indicado porque, além de bloquear a radiação ultravioleta, contribui com a hidratação;

· Pele oleosa

Tem aspecto mais brilhante e espesso por conta da produção de sebo maior do que o normal. Apresenta poros dilatados e maior tendência à formação de acne, cravos e espinhas. O excesso de sol tende a piorar a oleosidade. Então, escolha o protetor solar com fórmula livre de óleos ou em gel creme;

· Pele mista

É o tipo de pele mais frequente. Apresenta aspecto oleoso e poros dilatados na “zona T” (testa, nariz e queixo), podendo apresentar acne nessa região e seco nas bochechas e extremidades. Isso significa que você precisa de dois tipos de protetor solar? Não. Fique com aquele recomendado para pele oleosa.

Falando em dois tipos diferentes de produtos, não use no rosto aquele feito para o corpo. Cada um tem uma formulação específica e o protetor solar para o corpo pode acabar favorecendo o aparecimento de alterações na pele do rosto.

Inclusive, vale a dica de usar protetor solar com cor no rosto, pescoço e colo. Como essas são áreas mais sensíveis, especialmente ao processo de envelhecimento, as partículas de pigmento podem funcionar como barreiras extras à radiação ultravioleta.

E não se esqueça: em todos os casos, o protetor solar deve ser aplicado ainda em casa e reaplicado ao longo do dia a cada 2h ou antes disso se houver muita transpiração ou exposição solar prolongada.

A seguir tem outras medidas importantes para evitar os efeitos nocivos do sol na sua pele.

Como se proteger do sol com toda a eficiência

Além de usar protetor solar, é preciso complementar as estratégias de fotoproteção com outros mecanismos. As orientações são da Sociedade Brasileira de Dermatologia:

  • Usar chapéus, camisetas e óculos escuros;
  • Cobrir as áreas expostas com roupas apropriadas, como uma camisa de manga comprida, calças e um chapéu de abas largas;
  • Evitar a exposição solar e permanecer na sombra entre 10h e 16h;
  • Na praia ou na piscina, usar barracas feitas de algodão ou lona, que absorvem 50% da radiação ultravioleta. As barracas de nylon formam uma barreira pouco confiável, já que 95% dos raios UV ultrapassam o material;
  • Observar regularmente a própria pele, à procura de pintas ou manchas suspeitas;
  • Manter bebês e crianças protegidos do sol. Filtros solares podem ser usados a partir dos seis meses. Roupas com proteção UV são muito bem-vindas para eles;
  • Consultar um dermatologista uma vez ao ano, no mínimo, para um exame completo.

Se já faz tempo que você não faz um check-up de pele, para avaliação de manchas e pintas, e para orientações especificas para o seu caso, procure um dermatologista.

Quer saber mais dicas e novidades em saúde e beleza? Continue navegando pelo meu blog!

Dra. Carla Bortoloto
Dra. Carla Bortoloto
Médica dermatologista, CRM-SP 122.883, formada pela UNIG (RJ). Especializou-se em Clínica Médica e Medicina Interna pela Casa de Saúde São José (RJ) e em Dermatologia Clínica e Cirúrgica pela Faculdade de Medicina Souza Marques (RJ). É membro da American Academy of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Dermatologia Clínica e Cirúrgica (SBDCC).

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