
A rosácea é classificada pelos órgãos de saúde como uma doença vascular inflamatória crônica que atinge sobretudo a pele da face. De forma equivocada, ela é chamada em muitos locais de “acne rosácea”.
Esse termo está incorreto porque a acne é outra condição dermatológica, que atinge as glândulas sebáceas, diferenciando-se, assim, tanto nas causas quanto em aspectos clínicos que indicam a sua presença.
De qualquer maneira, conhecer o motivo do surgimento da rosácea e o que pode ser feito para amenizá-la é indispensável para controlar sintomas e o desconforto estético relatado pelos pacientes.
As causas e a evolução de um quadro de rosácea
Em geral, a condição é identificada principalmente em adultos entre 30 e 60 anos de idade. Mas, apesar disso, é possível encontrar casos também em idosos ou crianças.
Ainda que seja ligeiramente mais frequente em mulheres, também pode se manifestar nos homens, que, em média, tendem a conviver com quadros mais graves.
De acordo com o Consenso sobre Tratamento da Rosácea da Sociedade Brasileira de Dermatologia, pessoas com fototipo mais baixo (ou seja, com a pele mais clara) são as mais afetadas por essa alteração.
Estima-se que 5% de toda a população mundial apresente o quadro. No entanto, a porcentagem varia bastante por localidade. Em alguns países com população de pele predominantemente clara, os indicadores podem alcançar até 20%. No Brasil, não existem números precisos sobre essa incidência.
Seja como for, a origem da rosácea ainda não tem causas bem estabelecidas. Por isso, é considerada uma doença de pele multifatorial, na qual vários componentes andam lado a lado para provocar o quadro.
De qualquer maneira, há uma predisposição individual, o que a torna mais comum em descendentes de europeus de pele branca, evidenciando também uma possível base genética.
Existe ainda a influência de fatores psicológicos, especialmente o estresse não controlado. Adicionalmente, há a suspeita de que o ácaro Demodex folliculorum e a bactéria Bacillus oleronius possam estar envolvidos em disfunções do sistema imune associadas à queixa.
Por fim, vale ressaltar que o problema pode se desenvolver junto com outras comorbidades. Então, não é raro que alguém com rosácea apresente também uma dermatite seborreica, desordens neurológicas e/ou distúrbios gastrointestinais. Porém, essas relações ainda precisam ser mais bem compreendidas pelos especialistas da área.
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Os sintomas característicos da condição
A rosácea é uma doença que afeta principalmente a região central do rosto e o pescoço, se caracterizando por uma pele sensível, geralmente mais seca, que começa a ficar vermelha e irritada espontaneamente ou por conta de agentes externos.
Um estudo conduzido pela National Rosacea Society, uma entidade norte-americana, tentou mapear justamente os principais fatores disparadores das crises. Após analisar os dados de 1.066 pacientes diagnosticados com a enfermidade, foi possível constatar que os mais citados foram:
- exposição solar (81%);
- estresse emocional (79%);
- clima quente (75%);
- vento (57%);
- exercícios físicos intensos (56%);
- consumo de álcool (52%);
- banhos quentes (51%);
- clima frio (46%);
- alimentos condimentados (45%);
- umidade (44%);
- determinados cosméticos para pele (41%);
- bebidas quentes (36%);
- medicamentos (15%);
- outras condições médicas (15%).
Independentemente do gatilho, os sintomas da rosácea são explicados pelo aumento na dilatação dos vasos sanguíneos. Além disso, pode haver uma resposta anormal dos sistemas de defesa do organismo, disparando uma reação inflamatória que também contribui para as manifestações.
As lesões típicas de rosácea geralmente não progridem. Quando isso acontece, junto com a vermelhidão, aparecem vasos finos e bolinhas com pus que lembram a acne. Além disso, em parte dos casos, sintomas oculares que deixam os olhos secos e sensíveis também podem ocorrer, fazendo com que o acompanhamento de um oftalmologista seja demandado.
Como é feita a escolha do tratamento adequado
Ainda que a rosácea não tenha cura, é possível prevenir as crises e até controlar os sintomas. O primeiro passo é afastar todos os agravantes ou desencadeantes das crises.
Uma vez que os causadores da vermelhidão característica foram eliminados, a próxima etapa envolve orientações mais específicas. Elas podem se dividir em dois grupos: os tratamentos tópicos e os sistêmicos.
Portanto, logo de cara é feita a recomendação para o uso de sabonetes adequados e de um protetor solar compatível com o tipo da pele e com elevada proteção contra UVA e UVB.
Além disso, o dermatologista pode prescrever determinados cremes e loções, com substâncias capazes de conter a inflamação causada pela vermelhidão.
Quando isso não é suficiente, podem ser prescritos, ainda, medicamentos para uso oral, com diferentes objetivos. Entre os mais utilizados estão antimicrobianos, anti-inflamatórios, betabloqueadores ou ainda a isotretinoína, empregada também no tratamento de acne.
Adicionalmente, para atenuar os sintomas, procedimentos envolvendo aplicação de recursos como a toxina botulínica e terapias com laser, luz pulsada, radiofrequência e dermoabrasão podem ter um excelente resultado.
No entanto, o que funciona para uma pessoa pode não ser indicado para outra. Assim, só o médico especialista pode avaliar o grau e a fase da rosácea, além de toda a condição clínica da pessoa, antes de indicar a melhor alternativa e fornecer a devida prescrição.
7 dicas que podem ajudar no processo de controle da rosácea
Embora o suporte profissional seja indispensável no manejo dessa condição dermatológica, todo paciente pode se beneficiar de uma lista de recomendações relativamente simples. Elas incluem:
- fazer um diário com as atividades do dia a dia e de que forma elas se associam à melhora ou piora dos sintomas;
- jamais deixar o protetor solar de lado;
- evitar o consumo de bebidas alcoólicas, comidas excessivamente quentes ou condimentadas e exposição a extremos de temperatura;
- restringir o uso de maquiagens para circunstâncias especiais;
- lembrar sempre os médicos (dermatologistas ou não) sobre a rosácea, já que alguns medicamentos podem agravar o quadro;
- não usar qualquer substância tópica ou oral por conta própria, nem fazer tratamentos dermatológicos agressivos (como esfoliações, por exemplo);
- manter as visitas periódicas ao dermatologista para acompanhar a evolução do problema.
A rosácea é um motivo frequente de idas ao consultório do especialista na atenção à pele, às unhas e cabelos, principalmente por conta do seu impacto sobre a qualidade de vida e autoestima. A boa notícia é que o apoio de um profissional qualificado e a disciplina junto às recomendações fornecidas fazem toda a diferença nos resultados obtidos.
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