O que toda mulher deve saber sobre a acne na menopausa

Acne na menopausa: por que esse incômodo pode voltar nessa fase da vida?

Mulher com a pele com acne

Ainda que para muitas pessoas essa seja uma condição característica da adolescência, os episódios de acne na menopausa são uma lembrança de que tais alterações podem voltar a aparecer em outras fases da vida.

Isso talvez seja um pouco frustrante, não apenas porque muitas mulheres acreditavam ter deixado para trás esse problema típico da juventude, mas também por coincidir com um momento de transição do organismo feminino, com muitas mudanças relevantes.

Por outro lado, compreender as razões desse ressurgimento e conhecer as estratégias de tratamento mais adequadas ajuda bastante no controle de possíveis desconfortos físicos e emocionais.

O que as acnes têm a ver com a menopausa

De modo resumido, conforme reforça a Sociedade Brasileira de Dermatologia, uma acne deve ser compreendida como o resultado do processo inflamatório que atinge determinadas estruturas da pele, sobretudo aquelas responsáveis pela produção de oleosidade natural.

Elas são muito comuns na juventude, em especial com o início da puberdade. Nesse momento, há um aumento na concentração de determinados hormônios: os mais relevantes são os estrógenos (nas mulheres) e os andrógenos (nos homens).

A atividade dessas substâncias aumenta o trabalho das glândulas sebáceas. Elas produzem mais gordura e ampliam o risco de obstrução dos poros que disparam a inflamação característica.

Mas onde entra a menopausa nessa história? Antes de tudo, vale lembrar que esse é um fenômeno natural que acontece em mulheres entre os 45 e 55 anos. Ele representa o fim do ciclo reprodutivo feminino. Sua presença fica caracterizada quando há pelo menos 12 meses seguidos sem ovulação e menstruação.

Do ponto de vista hormonal, isso faz com que os níveis de estrogênio caiam bastante, enquanto o de testosterona muitas vezes permanece inalterado.

Esse desequilíbrio leva a uma série de mudanças na pele, incluindo aumento da produção de sebo pelas glândulas sebáceas, alterações na renovação celular e maior propensão à inflamação.

No mais, é comum que a acne na menopausa possa se desenvolver junto com outras alterações cutâneas comuns nessa fase, como ressecamento, rugas mais evidentes e maior sensibilidade na superfície.

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Fatores que podem influenciar no aparecimento da acne na menopausa

A acne na menopausa pode se concentrar tanto no rosto quanto no corpo, principalmente no tronco e nas costas. Na face, sua presença tende a ser mais notória no queixo, nas bochechas e na mandíbula.

Muitas vezes as lesões são isoladas, enquanto em outros casos o volume de alterações pode causar desconforto estético significativo.

Seja como for, embora a flutuação hormonal seja a principal explicação para o aparecimento indesejado de acnes e espinhas, outros fatores e elementos podem ter papel nesta equação. Entre os mais comuns estão:

  • estresse;
  • alguns medicamentos, especialmente aqueles empregados em terapias hormonais;
  • mudanças na dieta, incluindo grandes quantidades de alimentos que prejudicam o estado da pele (como aqueles ricos em gorduras e açúcares);
  • alterações no sono, que, inclusive, são comuns na menopausa por conta dos chamados fogachos (ondas de calor);
  • exposição excessiva ao sol sem proteção adequada;
  • contato com a poluição no dia a dia;
  • escolha de produtos inadequados para o tipo de pele, uma vez que muitos itens são comedogênicos (ou seja, favorecem a obstrução dos poros).

Não é sempre que acontece, mas constantemente as manifestações típicas da acne adulta incluem lesões dolorosas, mais persistentes e que demoram mais tempo para cicatrizar.

Possibilidades de tratamento para a reversão do quadro

Uma vez identificados os fatores desencadeantes da acne na menopausa, a etapa seguinte envolve a implementação de um plano de tratamento compatível com as características do quadro.

Isso pode exigir a combinação de abordagens tópicas (ou seja, aplicadas sobre a pele) e sistêmicas (que são voltadas para corrigir algum desequilíbrio no organismo como um todo).

Para acnes em estágios mais iniciais, são feitas recomendações sobre como reforçar a limpeza da pele, a orientação do uso de hidratantes não comedogênicos e a ampliação da proteção solar com produtos adequados ao tipo de pele.

Complementarmente, o dermatologista pode prescrever medicamentos tópicos (na forma de cremes e pomadas) contendo ingredientes específicos, capazes de controlar a inflamação e reduzir a produção excessiva de sebo.

A partir do momento em que tudo isso se mostra insuficiente e acnes apresentam uma gravidade mais acentuada, são prescritos medicamentos sistêmicos. Exemplos disso são antibióticos orais ou a isotretinoína.

Recomendações gerais para reduzir o impacto da acne na menopausa

Embora não substituam o acompanhamento profissional, medidas relativamente simples podem complementar o tratamento implementado e melhorar os resultados. Elas incluem:

  • manutenção de uma rotina de cuidados com a pele, mas sem exageros;
  • utilização do protetor solar diariamente, mesmo em dias nublados ou com pouca exposição ao sol;
  • gerenciamento do estresse por meio de práticas como meditação, yoga ou outras atividades relaxantes;
  • não tocar o rosto constantemente e jamais espremer as lesões, o que pode agravar a inflamação e causar cicatrizes de difícil reversão;
  • optar sempre por produtos não comedogênicos;
  • manter consultas regulares com o dermatologista para ajustes no tratamento conforme necessário.

A acne na menopausa tem o potencial de impactar significativamente a qualidade de vida e a autoestima. No entanto, com um acompanhamento adequado e a adoção de hábitos apropriados, é possível controlar as lesões e manter a pele saudável durante essa nova fase da vida.

Aproveite e veja uma série de cuidados para cuidar da pele da maneira correta em cada momento do dia.

Dra. Carla Bortoloto
Dra. Carla Bortoloto
Médica dermatologista, CRM-SP 122.883, formada pela UNIG (RJ). Especializou-se em Clínica Médica e Medicina Interna pela Casa de Saúde São José (RJ) e em Dermatologia Clínica e Cirúrgica pela Faculdade de Medicina Souza Marques (RJ). É membro da American Academy of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Dermatologia Clínica e Cirúrgica (SBDCC).

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