Criança pode pintar o cabelo? E alisar? A dermatologista responde!

Criança pode pintar e alisar o cabelo? A dermato responde!

Mãe arrumando cabelo de filha com escova de cabelo

Não é de hoje que tenho observado que os cuidados com a aparência estão se tornado uma preocupação crescente entre as crianças. Meninas e meninos – cada vez mais jovens – estão frequentando os salões de beleza para pintar ou alisar os cabelos em busca do “visual perfeito”.

Entretanto, o uso de tinturas, alisamentos e outros produtos químicos no cabelo precisam ser realizados com o máximo de cautela, e devem levar em consideração a idade da criança e a textura dos fios.

Por isso, é muito importante que os produtos aplicados sejam indicados especificamente para o uso infantil. A seguir, explico se criança pode pintar o cabelo e alisar.

Afinal, criança pode pintar o cabelo?

Não é raro encontrarmos crianças com os cabelos coloridos, em tons como rosa, azul, roxo, verde… ou, simplesmente, descoloridos. Mas, com quantos anos pode pintar o cabelo? Atenção: colorir (ou descolorir) o cabelo de crianças menores de 12 anos é totalmente desaconselhado.

Nessa faixa etária, o sistema imunológico e o manto hidrolipídico (camada que protege a pele) ainda estão se formando, o que torna o couro cabeludo bem mais sensível.

A pintura dos fios pode irritar a região, desencadeando uma reação alérgica que vai acompanhar a criança por toda a vida. Além do mais, os fios também são mais finos e frágeis nessa época, e o uso de tinturas pode torná-los mais ressecados e quebradiços.

Momento certo para pintar cabelo de criança

A partir dos 12 anos é possível realizar intervenções mínimas, mas sempre com produtos próprios para a idade – sem a presença de amônia, chumbo ou água oxigenada.

A aplicação desses produtos deve ser realizada em salões de cabelereiro por um profissional qualificado.

O uso do papel crepom para pintar cabelo de criança não é muito recomendado. A tinta usada no material contém metal e pode comprometer a saúde do couro cabeludo e danificar os fios. Além disso, a tinta presente no papel pode ser difícil de ser removida e também pode manchar os cabelos.

O mais recomendado é utilizar sprays coloridos, desde que sejam à base de água. Eles promovem a coloração passageira dos fios e podem ser facilmente removidos no banho.

É importante destacar que quanto mais tarde a criança começar a aplicar qualquer tipo de química nos cabelos, mais tarde ela precisará de outros cuidados para recuperar os fios de danos. E quanto mais constantes forem as modificações capilares, maiores serão os prejuízos para os cabelos e couro cabeludo.

Criança pode fazer escova definitiva no cabelo?

Seja para soltar os cachos ou para mudar completamente o visual, tornado os cabelos lisíssimos, as escovas definitivas também estão cada vez mais presentes nos “cuidados de beleza” das crianças.

Assim como ocorre com as colorações, alisamentos não devem ser realizados em crianças com menos de 12 anos.

Além de danificarem os fios e de poderem desencadear alergias no couro cabeludo, esses produtos podem levar ao lacrimejamento dos olhos, conjuntivites e, até mesmo, uma pneumonia química devido à sua aspiração.

Para fugir do formol (proibido pela Anvisa), muitas mães optam por produtos com ácido glioxílico em sua formulação. Entretanto, esta substância também libera formol quando aquecida pelo secador e prancha. Então, nada de produtos contendo ácido glioxílico.

Opções menos duradouras dão conta do recado

Se, eventualmente, a criança quiser exibir um visual diferente, a dica é recorrer às pranchas e às escovas normais (livres de qualquer química). Mas atenção, se essas técnicas forem utilizadas constantemente, também podem levar ao ressecamento dos fios e prejudicar a saúde do cabelo.

Para evitar danos, o ideal e realizar hidratações periódicas (mensais ou quinzenais, dependendo do estado dos fios). Elas ajudam a repor nutrientes e a manter as cutículas (parte externa) dos fios seladas.

É importante conversar com a criança e entender as motivações para o desejo de transformação e explicar a ela os prejuízos que o uso de produtos químicos pode trazer, especialmente no longo prazo.

Vale também ressaltar a beleza natural da criança por meio de elogios e lembrá-la de que modificações passageiras, que não envolvem o uso de química, são possíveis, mas nem sempre necessárias.

Leia também meu artigo “Criança pode usar maquiagem?”.

Dra. Carla Bortoloto
Dra. Carla Bortoloto
Médica dermatologista, CRM-SP 122.883, formada pela UNIG (RJ). Especializou-se em Clínica Médica e Medicina Interna pela Casa de Saúde São José (RJ) e em Dermatologia Clínica e Cirúrgica pela Faculdade de Medicina Souza Marques (RJ). É membro da American Academy of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Dermatologia Clínica e Cirúrgica (SBDCC).

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