Nos últimos anos, a medicina vem avançando cada vez mais na descoberta de novos tratamentos para diferentes doenças. Nesse sentido, uma das áreas em que obtivemos resultados muito positivos foi na de pesquisas relacionadas às doenças autoimunes e inflamatórias.
Segundo a definição da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia, essas doenças surgem quando há uma grave alteração no sistema imunológico. Assim, em vez de produzir anticorpos contra um agente infeccioso, ele passa a produzir contra as próprias células do organismo.
Essas condições estão presentes em cerca de 5% a 7% da população mundial, representando a terceira principal causa de mortalidade. Dentre suas diferentes classificações, o grupo de doenças reumatológicas é o mais extenso e também o mais frequente, estando algumas delas relacionadas a quadros pré-existentes. Por exemplo, a Artrite Psoriásica, que pode se manifestar em até 40% dos pacientes com psoríase cutânea.
Os tratamentos convencionais, que suprimem a resposta imunológica do indivíduo, nem sempre apresentam bons índices de eficácia e possuem altos riscos de toxicidade, infecções e neoplasias. Por isso, a busca por um novo tratamento capaz de melhorar significativamente as manifestações crônicas dessas doenças levou ao desenvolvimento dos medicamentos imunobiológicos.
O que são medicamentos imunobiológicos?
De acordo com a Federação Médica Brasileira, os medicamentos imunobiológicos, fabricados por biossíntese em células vivas, são anticorpos monoclonais. Ou seja, proteínas usadas pelo nosso sistema imunológico para identificar e neutralizar os corpos estranhos, como vírus, bactérias e tumores.
Dessa forma, eles atuam positivamente na resposta imunológica grave e nos sintomas mais característicos das doenças autoimunes, como dores e deformidades físicas. Além disso, também são indicados para pacientes intolerantes aos medicamentos comuns ou diante de alguns agentes infecciosos.
Na dermatologia, essa medicação demonstrou resultados efetivos para diferentes patologias, como urticária, dermatite atópica, melanoma e doenças inflamatórias. Porém, principalmente a psoríase. Neste vídeo, eu explico um pouco da forma como eles atuam na derme e suas principais indicações.
Alguns exemplos desses medicamentos são Infliximabe, Omalizumabe, Adalimumabe, Ustequinumabe, Secuquinumabe e Dupilumabe. Atualmente, sua administração ocorre essencialmente por via endovenosa ou subcutânea e o paciente não precisa mais ficar internado para a realização do tratamento.
O tempo do tratamento pode variar conforme o tipo de doença e a avaliação médica, que deve ser constante e cautelosa. E vale pontuar que a aplicação dos medicamentos imunobiológicos também deve ser realizada por um profissional especializado em um local apropriado.
Medicamentos imunobiológicos no tratamento da psoríase
A psoríase é uma doença auto inflamatória da pele, de caráter crônico, associada a fatores imunológicos, genéticos e ambientais. Assim sendo, periodicamente provoca lesões avermelhadas e que descamam a derme, aumentando também os riscos do desenvolvimento de outras doenças, como as cardiovasculares e metabólicas.
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, os medicamentos imunobiológicos mudaram radicalmente a maneira de tratar essa doença e o controle de suas manifestações. Enquanto os demais tratamentos apresentavam até 75% de melhora dos sintomas, os imunobiológicos podem garantir seu desaparecimento de forma integral.
Essas medicações conseguem agir em órgãos específicos e inibir a ação dos fatores complexos que estão relacionados ao processo inflamatório da derme. Por isso, apresentam melhor eficácia e um aumento da qualidade de vida do paciente.
O Ministério da Saúde, em concordância com o Consenso Brasileiro de Psoríase (2012), recomenda seu uso nos casos de Psoríase Recalcitrante e nas formas média a grave em que a resposta aos tratamentos convencionais é insatisfatória. Bem como nos quadros em que a qualidade de vida ou a capacidade física do indivíduo estão seriamente prejudicadas.
Possíveis efeitos colaterais dos medicamentos imunobiológicos
Um estudo publicado na Revista de Medicina da USP buscou analisar os possíveis efeitos colaterais do uso dos diferentes medicamentos imunobiológicos no tratamento da psoríase. Em suma, um dos efeitos comuns e pouco preocupante é a dor no local onde é aplicado a injeção com o remédio.
Dependendo do medicamento, a lista também incluía alguns casos de infecções respiratórias, gastrointestinais e/ou urinárias, aumento dos triglicérides, alterações das enzimas hepáticas, artrite e malignidades. Porém, ainda se faz necessária a realização de mais pesquisas e estudos randomizados para compreender a relação com esses efeitos a longo prazo.
Segundo a Federação Médica Brasileira e o consenso entre os especialistas, os medicamentos imunobiológicos são fundamentais e extremamente eficientes no tratamento da psoríase e outras doenças autoimunes. Porém, a administração desse tipo de tratamento deve ser realizada de forma segura e humanizada, respeitando rigorosamente os protocolos nacionais e internacionais.
É necessário um acompanhamento regular do paciente para avaliar a evolução do quadro e a presença de reações adversas. Por isso, lembre-se de sempre procurar a ajuda de um profissional especializado para diagnóstico, orientações e condução do tratamento.
Quer saber mais dicas e novidades sobre tratamentos para doenças da pele? Continue navegando pelo meu blog!