Psoríase: o que é e tudo o que você precisa saber sobre esta doença

Guia da psoríase: tudo o que você precisa saber sobre a doença

Mulher coçando a mão por sintoma de psoríase

A psoríase é uma doença crônica e relativamente comum que apresenta sintomas que desaparecem e reaparecem periodicamente. Por conta da aparência da pele afetada, muita gente pensa que é contagiosa, mas isso não é verdade.

A causa da psoríase é desconhecida, mas se sabe que pode estar relacionada ao sistema imunológico, às interações com o meio ambiente e à suscetibilidade genética — entre 30% e 40% dos pacientes com psoríase têm histórico familiar da doença.

Antes de mais nada, vamos entender como surge a psoríase no organismo.

Como surge a psoríase no organismo

Como comentei anteriormente, a causa da psoríase é desconhecida. Entretanto, há hipóteses de que vias inflamatórias comuns, mediadores celulares e susceptibilidade genética estejam envolvidos nos fatores de risco para a doença.

De acordo com especialistas da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a psoríase se desenvolve quando os linfócitos T (células responsáveis pela defesa do organismo) liberam substâncias inflamatórias e formadoras de vasos sanguíneos.

A partir desse episódio, iniciam-se respostas imunológicas que incluem dilatação dos vasos sanguíneos da pele, o que permite a infiltração de células de defesa chamadas neutrófilos.

Uma vez que, nesse processo, as células da pele estão sendo atacadas, o corpo faz uma espécie de compensação e incentiva a produção de mais células da pele, acelerando seu ciclo evolutivo.

Como as células da pele que surgem dessa produção em larga escala são imaturas, elas se acumulam na forma de escamas.

Esse ciclo ainda faz com que as células mortas não consigam ser eliminadas eficientemente, formando manchas espessas e escamosas na pele. Normalmente, essa cadeia só é quebrada com tratamento. Mas vou comentar sobre isso mais adiante.

Quero dizer, ainda, que é frequente a associação do problema com artrite psoriática, doenças cardiometabólicas, gastrointestinais, diversos tipos de cânceres e distúrbios do humor. Por isso, quem sofre com psoríase precisa ter atenção redobrada com a saúde física e mental.

Vamos ver, a seguir, como reconhecer a doença.

Como saber se é caso de psoríase

Os sintomas variam de uma pessoa para outra, conforme o tipo da doença, mas podem incluir:

  • Manchas vermelhas com escamas secas esbranquiçadas ou prateadas;
  • Pequenas manchas brancas ou escuras residuais pós-lesões;
  • Pele ressecada e rachada; às vezes, com sangramento;
  • Coceira, queimação e dor;
  • Unhas grossas, sulcadas, descoladas e com depressões puntiformes;
  • Inchaço e rigidez nas articulações.

Em casos de psoríase moderada, esses sintomas podem trazer apenas um desconforto, mas, nos casos mais graves, eles podem ser dolorosos e provocar alterações que impactam significativamente na qualidade de vida e na autoestima.

Assim, o ideal é procurar tratamento o quanto antes.

Os locais mais atingidos pela psoríase são o couro cabeludo, cotovelos, joelhos, palmas das mãos, plantas dos pés, unhas e tronco, com lesões em ambos os lados do corpo. Dependendo do tipo de psoríase e do estado geral de saúde da pessoa, esses locais ficam afetados durante semanas ou meses.

Esse variação de tempo de duração dos sintomas da psoríase acontece porque eles estão sujeitos a melhoras e recaídas em função de diversos fatores como traumas (físico, químico, queimadura solar), infecções, consumo excessivo de álcool, uso de drogas ou medicamentos e até alterações emocionais.

Vou comentar sobre alguns deles:

  • Estresse – Pessoas com altos níveis de estresse possuem sistema imunológico debilitado, favorecendo as crises;
  • Obesidade – Excesso de peso pode aumentar o risco de desenvolver um tipo de psoríase, a invertida, mais comum em indivíduos negros e HIV positivos;
  • Tempo frio – Faz com que a pele fique mais ressecada e a pessoa se exponha menos ao sol (que é algo que tende a melhorar os sintomas);
  • Tabagismo – O cigarro não só aumenta as chances de desenvolver a doença, como também a gravidade dos sintomas.

Como existem vários tipos de psoríase, a consulta ao dermatologista é indispensável, porque só esse profissional poderá identificar a doença, classificá-la e indicar a melhor opção de tratamento.

Vamos saber mais sobre os tipos de psoríase e seus sintomas específicos.

Assista também:

Conheça os diferentes tipos de psoríase

Psoríase em placas ou vulgar

Manifestação mais comum da doença. Forma placas secas, avermelhadas com escamas prateadas ou esbranquiçadas. Logo depois, essas placas coçam e, algumas vezes, doem, podendo atingir todas as partes do corpo, inclusive genitais. Em casos graves, como resultado, a pele em torno das articulações pode rachar e sangrar.

Psoríase ungueal

Afeta as unhas das mãos e dos pés, fazendo com que cresçam de forma anormal, engrossem, escamem, mudem de cor e até se deformem. Em alguns casos, a unha chega a descolar do leito ungueal.

Psoríase do couro cabeludo

Surgem áreas avermelhadas com escamas espessas branco-prateadas, principalmente após coçar. Flocos de pele morta podem aparecer nos cabelos ou ombros, por isso, esse tipo de psoríase pode ser confundido com caspa.

Psoríase gutata

Geralmente, a psoríase gutata é desencadeada por infecções bacterianas, como as de garganta. Nesse sentido, é caracterizada por pequenas feridas em forma de gota que, em geral, aparecem no tronco, braços, pernas e couro cabeludo. Além disso, as feridas são cobertas por uma fina escama — diferente das placas típicas da psoríase que são grossas. Este tipo acomete mais em crianças e jovens antes dos 30 anos.

Psoríase invertida

A psoríase invertida atinge principalmente áreas úmidas, como axilas, virilhas, embaixo dos seios e ao redor dos genitais. São manchas inflamadas e vermelhas que se agravam em pessoas obesas ou quando há sudorese excessiva e atrito na região.

Psoríase pustulosa

Ocorrem manchas, bolhas ou pústulas (pequenas bolhas que parecem conter pus). Pode afetar todas as partes do corpo ou apenas áreas menores, como mãos, pés ou dedos. Geralmente, as pústulas aparecem poucas horas depois de a pele ficar vermelha e as bolhas secam dentro de um dia ou dois, podendo reaparecer durante dias ou semanas. Febre, calafrios, coceira intensa e fadiga também podem ser sintomas.

Psoríase eritodérmica

É o tipo menos comum. Acomete todo o corpo com manchas vermelhas que podem coçar ou arder intensamente, levando a manifestações no restante do organismo. Pode ser desencadeada por queimaduras graves, tratamentos intempestivos (como uso ou retirada abrupta de medicamentos), infecções ou por outro tipo de psoríase mal-controlada.

Psoríase artropática

Além da inflamação na pele e da descamação, a artrite psoriática, como também é conhecida, causa fortes dores nas articulações. Afeta mais comumente as articulações dos dedos dos pés e mãos, coluna e juntas dos quadris e pode causar rigidez progressiva e até deformidades permanentes. Assim também pode estar associada a qualquer forma clínica da psoríase.

Por fim, vamos conhecer as alternativas para o tratamento da psoríase e ver dicas de como prevenir as crises (sim, isso é possível!).

Como prevenir e tratar a psoríase

O estilo de vida influencia tanto no surgimento das crises quanto na intensidade dos sintomas de psoríase. Por isso, seguir hábitos saudáveis (como se alimentar bem, fazer exercícios regularmente e ter boas noites de sono) pode ajudar na diminuição da progressão ou melhora da doença.

Além disso, é importante estar atento aos sinais. Antes de tudo, quando perceber qualquer um dos sintomas, procure o dermatologista imediatamente. Quanto mais precoce for o diagnóstico, mais fácil será o tratamento. E atenção redobrada no caso de quem tem histórico familiar de psoríase!

Sobre o tratamento, cada tipo ou gravidade de psoríase pode responder melhor a uma terapia específica (ou a uma combinação de terapias). O que funciona bem para uma pessoa não necessariamente funcionará para outra. Por isso, é essencial que tudo seja individualizado.

Ainda assim, nos casos leves, as recomendações são:

  • Hidratar a pele;
  • Aplicar medicamentos tópicos apenas na região das lesões;
  • Expor-se diariamente ao sol, nos horários e tempo adequados e seguros.

Isso já pode ser suficiente para melhorar o quadro clínico e promover o desaparecimento dos sintomas. Já nos casos moderados, pode ser necessário uso de medicamento via oral e até tratamento com luz ultravioleta.

Portanto, o importante é saber que, com as diversas opções terapêuticas disponíveis, já é possível viver com uma pele sem ou quase sem lesões, independentemente da gravidade da psoríase.

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CB Experience

Dra. Carla Bortoloto
Dra. Carla Bortoloto
Médica dermatologista, CRM-SP 122.883, formada pela UNIG (RJ). Especializou-se em Clínica Médica e Medicina Interna pela Casa de Saúde São José (RJ) e em Dermatologia Clínica e Cirúrgica pela Faculdade de Medicina Souza Marques (RJ). É membro da American Academy of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Dermatologia Clínica e Cirúrgica (SBDCC).

2 Comments

  1. KellyCristina Mallozzi disse:

    Até que enfim achei o meu problema para os médicos ou alergia ou escabiose

  2. Vilma Silva disse:

    Obrigada, foi de grande avalia mesmo, só agora vim saber realmente, o tipo de psoríase que infelizmente tenho. Parabéns Dra. Carla Bortoloto , que Deus te Abençoe Grandemente.

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