Problemas de pele de origem emocional: entenda

Saiba mais sobre doenças de pele de fundo emocional

Mulher com olhar triste olhando-se no espelho

Tem gente que sente coceira só de pensar em falar em público. Para algumas pessoas, dois ou três momentos de estresse são suficientes para uma crise de herpes. E para quem sofre com psoríase ou vitiligo então? Qualquer alteração de fundo emocional já causa piora dos sintomas.

Ainda que isso seja bastante evidente, inclusive na prática clínica, será que é tudo mera coincidência? A resposta é não! Existe, sim, uma forte ligação entre a mente e a saúde da pele.

Vamos entender como isso acontece.

Pele e emoções se relacionam desde a barriga da mãe

A conexão entre a pele e o cérebro começa no período gestacional. Quando o bebê ainda está em formação, a pele e o sistema nervoso são originados do mesmo folheto embrionário, a ectoderme, e isso diz muito sobre a influência das emoções na nossa pele.

Tanto que, de acordo com o Ministério da Saúde, em torno de 30% dos casos de distúrbios que se manifestam na pele têm origem nas emoções. Então, é algo que precisa ser considerado tanto na hora de se fazer o diagnóstico quanto no tratamento do problema, que muitas vezes precisa ir além da intervenção dermatológica.

E sabe o que pode ser ainda mais complicado? Em geral, as doenças de pele de fundo emocional trazem marcas visíveis que, contagiosas ou não, podem gerar insegurança nos pacientes.

O resultado disso, muitas vezes, é a piora do quadro. Afinal, quanto mais insegura está a pessoa, mais vulneráveis estão as suas emoções, acentuando os sintomas na pele.

É um ciclo vicioso que precisa ser interrompido.

A seguir, vou comentar um pouquinhos sobre as doenças de pele de fundo emocional que são mais comuns. Comento também sobre os respectivos tratamentos dentro da minha área. Mas, em casos assim, como disse, pode ser importante ir além e consultar também um especialista em saúde mental, como psicólogo ou psiquiatra.

Psoríase não tem causa conhecida, mas não é contagiosa

A psoríase é uma doença da pele relativamente comum, crônica e não contagiosa. É cíclica, ou seja, apresenta sintomas que desaparecem e reaparecem periodicamente.

Sua causa é desconhecida, mas sabe-se que, além do fundo emocional, pode estar relacionada ao sistema imunológico, às interações com o meio ambiente e à suscetibilidade genética.

Os sintomas variam de uma pessoa para outra e também conforme o tipo da doença, mas, em geral, podem incluir:

  • Manchas vermelhas com escamas secas esbranquiçadas ou prateadas;
  • Pequenas manchas brancas ou escuras residuais pós-lesões;
  • Pele ressecada e rachada — às vezes, com sangramento;
  • Coceira, queimação e dor;
  • Unhas grossas, sulcadas, descoladas e com depressões puntiformes;
  • Inchaço e rigidez nas articulações.

Em casos de psoríase moderada, esses sintomas pode causar apenas um desconforto , mas, nos mais graves, podem trazer coceira intensa e até dor. De qualquer forma, é algo que prejudica a qualidade de vida e deve ser tratado o quanto antes.

Entre os tratamentos mais comuns estão: uso de medicamentos em cremes e pomadas, aplicados diretamente na pele; de medicamentos em comprimidos ou injeções; e sessões de fototerapia, que consiste na exposição da pele à luz ultravioleta de forma consistente e com supervisão médica.

Pele ressecada favorece desenvolvimento de dermatite atópica

A dermatite atópica é uma doença genética, crônica e que apresenta pele seca, erupções que coçam e crostas. Seu surgimento é mais comum nas dobras dos braços e da parte de trás dos joelhos. Assim como a psoríase, não é uma doença contagiosa.

O objetivo do tratamento da dermatite atópica visa o controle da coceira, a redução da inflamação da pele e a prevenção das recorrências. Quanto a isso, o controle emocional também tem papel importante.

Devido à pele ressecada, a base do tratamento é o uso de agentes hidratantes: indispensáveis para aliviar o eczema. Outro fator importante é fortalecer a barreira da pele, evitando o contato com alérgenos ambientais (como poeira, pólen, sabonetes com perfume, produtos de limpeza doméstica e tabaco).

Importante dizer que banhos quentes devem ser totalmente evitados por quem sofre com dermatite atópica.

Em casos mais graves, podem ser prescritos medicamentos orais (inclusive antialérgicos) e até a fototerapia: tratamento com raios ultravioleta que é bastante eficaz no controle do eczema.

Vitiligo não tem cura, mas há muitas opções de controle

O vitiligo é uma doença caracterizada pela perda da coloração da pele. As lesões ocorrem devido à diminuição ou à ausência de células responsáveis pela formação da melanina (pigmento que dá cor à pele) nos locais afetados.

As causas da doença ainda não estão claramente estabelecidas. Mas alterações ou traumas emocionais podem estar entre os fatores que desencadeiam ou agravam a doença. Além disso, fenômenos autoimunes parecem estar associados ao seu desenvolvimento.

A doença é caracterizada por manchas brancas na pele com uma distribuição característica. O tamanho dessas manchas é variável.

O fato de não se poder falar em cura de vitiligo, não quer dizer que não haja várias opções terapêuticas.

O tratamento visa estabilizar o quadro e repigmentar a pele com a ajuda de medicamentos específicos. A fototerapia com radiação ultravioleta B, com ultravioleta A, além de aplicação de laser, técnicas cirúrgicas ou de transplante de melanócitos também podem ser opções para controlar o vitiligo.

Os resultados dessas intervenções podem variar consideravelmente entre uma pessoa e outra. Por isso, somente um dermatologista pode indicar a melhor opção para cada caso.

Herpes é causada por vírus, mas tem origem de fundo emocional

Herpes é uma doença causada por vírus, que pode acontecer uma vez na vida ou ser recorrente. Nesse caso, ela pode surgir em diferentes ocasiões: durante episódios febris, em momentos de grande estresse, um pouquinho antes do período menstrual, após exposição solar inadequada e sem proteção ou mesmo em dias muito frios.

Dependendo do tipo de vírus, a herpes pode causar infecção com lesão nos lábios, dentro da boca (especialmente na infância), nos genitais ou mesmo em diferentes locais do tronco.

As lesões de herpes trazem vesículas com conteúdo líquido infectante. Por isso, um simples contato das mãos com o local afetado pode transferir o vírus para outras áreas do corpo e até para outras pessoas. Por isso, enquanto esse líquido estiver presente, o cuidado deve ser redobrado!

O tratamento é individualizado e só o médico poderá indicar qual o melhor para cada caso. Aliás, procurar essa ajuda assim que surgirem os primeiros sintomas pode fazer toda a diferença na cura das lesões. Fica a dica!

Se você percebeu que sua pele se altera quando suas emoções também se alteram, venha conversar comigo! Vamos, juntos, discutir a melhor alternativa para o seu caso.

Quer saber mais dicas e novidades em saúde e beleza? Continue navegando pelo meu blog!

Dra. Carla Bortoloto
Dra. Carla Bortoloto
Médica dermatologista, CRM-SP 122.883, formada pela UNIG (RJ). Especializou-se em Clínica Médica e Medicina Interna pela Casa de Saúde São José (RJ) e em Dermatologia Clínica e Cirúrgica pela Faculdade de Medicina Souza Marques (RJ). É membro da American Academy of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Dermatologia Clínica e Cirúrgica (SBDCC).

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