
Você já ouviu falar em dermatite atópica (DA)? Essa condição, embora comum, ainda gera muitas dúvidas, especialmente quando comparada a outras doenças de pele como a psoríase.
De acordo com a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), cerca de 20% das crianças apresentam DA, sendo que em 60% dos casos ela surge no primeiro ano de vida. Nos adultos, a prevalência é menor, atingindo cerca de 3% da população.
O que é dermatite atópica?
Também conhecida como eczema atópico, trata-se de uma doença crônica da pele. Sua manifestação ocorre geralmente em áreas como o rosto, dobras dos braços, joelhos e pescoço, mas pode aparecer em qualquer parte do corpo.
Essa condição está associada a outras doenças alérgicas, como asma e rinite alérgica. Ela não é contagiosa, mas pode ter um impacto significativo na qualidade de vida de quem sofre com a doença, causando desconforto e até prejuízos emocionais.
É marcada por sinais e sintomas que variam em intensidade e podem piorar durante crises, incluindo:
- coceira intensa e persistente (prurido), que pode prejudicar o sono e a qualidade de vida;
- ressecamento da pele, devido a alterações na barreira que aumentam a perda de água;
- placas avermelhadas e inflamadas, que podem evoluir para infecções se a pele for coçada em excesso.
A coceira é um dos sintomas mais debilitantes e causa um ciclo vicioso. Afinal, o paciente coça, agrava a inflamação e abre portas para irritações e microrganismos, intensificando os sintomas.
Isso pode levar à insônia, irritabilidade, cansaço, bem como gerar impactos no desempenho escolar ou profissional.
Psoríase x Dermatite atópica
É comum confundir essas duas condições, pois ambas alteram a aparência da pele e são crônicas. No entanto, elas possuem diferenças importantes.
A psoríase se caracteriza pelo surgimento de placas espessas, avermelhadas e cobertas por escamas brancas ou prateadas, afetando mais frequentemente o couro cabeludo, cotovelos, joelhos e região lombar. E ela não está diretamente relacionada a alergias.
Porém, ambas compartilham um fator importante: a inflamação da pele e o ressecamento. Por isso, o diagnóstico correto feito por um dermatologista é essencial.
Saiba mais: Guia da psoríase: tudo o que você precisa saber sobre a doença
Causas e fatores de risco
A dermatite atópica tem origem multifatorial, envolvendo aspectos genéticos, ambientais e imunológicos. Entre as principais causas destacam-se:
- alterações genéticas: indivíduos com histórico familiar de alergias (como rinite, asma ou conjuntivite alérgica) têm maior predisposição;
- barreira cutânea defeituosa: a pele perde água mais facilmente, tornando-se ressecada e propensa à penetração de alérgenos e substâncias irritantes;
- sistema imunológico hiperativo: responde exageradamente a estímulos inofensivos;
- fatores ambientais, como:
- exposição a ácaros, pólen, poluentes e mudanças climáticas;
- contato com substâncias irritantes, como sabonetes agressivos ou fragrâncias;
- banhos quentes e longos.
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Como tratar e prevenir a dermatite atópica?
Embora não haja cura, há tratamentos e cuidados especiais que ajudam a controlar os sintomas e prevenir crises. Eles incluem:
1. Cuidados com a pele
Hidratação diária
- utilize cremes ou pomadas específicos para pele atópica, preferencialmente ricos em ceramidas ou óleos que ajudam a selar a umidade;
- a aplicação deve ser feita em até três minutos após o banho, quando a pele ainda está levemente úmida, para “vedar” a hidratação.
Banhos adequados
- limite o tempo de banho para cinco a 10 minutos e utilize água morna;
- opte por sabonetes suaves ou então por aqueles produtos sem sabão, próprios para peles sensíveis;
- evite esfregar a pele, seque-a suavemente com toalhas macias.
Escolha de vestimenta e produtos
- substitua roupas de lã ou tecidos sintéticos, que irritam a pele, por peças de algodão ou materiais macios;
- evite fragrâncias, detergentes agressivos e cosméticos com álcool.
Outras medidas importantes
- utilize umidificadores em ambientes secos ou durante o clima frio para evitar o ressecamento do ar;
- mantenha as unhas curtas para reduzir o risco de ferir a pele ao coçar.
2. Medicamentos tópicos
Corticosteroides e inibidores de calcineurina ajudam a controlar inflamações e aliviar os sintomas durante as crises, mas devem ser utilizados sempre com orientação médica.
3. Tratamento oral ou sistêmico
Para casos moderados ou graves, o médico pode prescrever terapias sistêmicas, por exemplo, imunossupressores, imunobiológicos ou anti-histamínicos.
4. Fototerapia
A exposição controlada à luz ultravioleta, sob orientação de um dermatologista, pode ser uma alternativa eficaz para casos persistentes ou em pacientes que não respondem bem aos tratamentos tópicos.
5. Psicoterapia e apoio psicológico
A dermatite atópica frequentemente afeta a saúde mental devido ao impacto social das lesões visíveis, coceira incessante e frustração com a doença. O suporte emocional é essencial para gerenciar ansiedade e depressão, bem como reduzir o estresse, um fator desencadeante de crises.
Além disso, técnicas como ioga, meditação e outras práticas relaxantes ajudam a minimizar os impactos emocionais.
6. Hábitos e ambiente
Algumas adaptações no estilo de vida e no ambiente podem fazer grande diferença na prevenção de crises:
- evitar mudanças bruscas de temperatura e atividades que causam suor excessivo;
- conhecer os gatilhos pessoais e evitar alimentos, produtos ou condições ambientais que provocam crises;
- retirar tapetes e estar atento ao acúmulo de poeira, principalmente no quarto do paciente.
A dermatite atópica é uma condição desafiadora, mas com cuidados adequados é possível controlar os sintomas e viver melhor. Se você apresenta sinais ou tem dúvidas sobre sua pele, procure um dermatologista para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento personalizado.
Antes de ir, confira: Tudo sobre alergia na pele: tire suas dúvidas e saiba como tratar e prevenir
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