Escova com formol? Saiba por que não é uma boa ideia

Riscos do formol vão além da possível queda dos fios de cabelo

Mulher no cabeleireiro usando alisante

O uso de formol em procedimentos de alisamento capilar frequentemente é pauta em veículos de comunicação e nas mídias sociais devido aos seus riscos à saúde.

Além de causar danos aos fios, levando ao enfraquecimento e posterior queda, essa substância pode desencadear problemas dermatológicos e respiratórios, entre outras condições potencialmente graves.

Portanto, entender esses perigos é essencial para quem busca tratamentos capilares, assim como conhecer alternativas mais seguras que ajudem na manutenção da saúde dos cabelos e do corpo como um todo.

A proibição do uso do formol nos alisantes

O formol (cujo nome completo é formaldeído) é uma substância química utilizada há muito tempo em alisantes capilares, devido à sua capacidade de modificar a estrutura do fio, tornando-o liso. No entanto, seu uso em altas concentrações ou de forma inadequada pode causar sérios danos à saúde.

Não por menos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu o uso de formol em alisantes capilares em concentrações superiores a 0,2% (permitida apenas com a finalidade de conservar a fórmula) considerando seus efeitos tóxicos, principalmente diante do contato com o couro cabeludo. Já em outros produtos (como esmaltes de unha) a concentração pode ser maior.

No entanto, é relativamente fácil encontrar muitos salões que ainda utilizam produtos ilegais ou manipulados no próprio estabelecimento com altas doses dessa substância (muitas vezes alterando o nome), o que coloca a saúde dos clientes em risco.

Os riscos envolvidos no contato com essa substância

A inalação ou absorção pela pele pode causar desde irritação até problemas mais graves, inclusive a longo prazo. Por isso, a lista de perigos que cercam o uso indevido do material é grande.

– Enfraquecimento dos fios e queda capilar

O formol age quebrando os elementos que são responsáveis pela resistência e elasticidade dos fios. Com isso, sem o devido cuidado, o cabelo perde sua força natural, tornando-se quebradiço e propenso a cair.

Tal processo pode ser agudo – com o cabelo caindo aos montes em pouco tempo – ou progressivo, em que o volume de fios se descolando do couro cabeludo vai se tornando cada vez maior.

Além disso, a agressão química pode danificar a raiz capilar, levando à queda temporária ou até mesmo permanente em casos mais graves. Ou seja, quando alguém fala que escovar com formol causa queda de cabelo, essa é uma verdade.

– Alopecia de tração

Além do dano químico, alguns procedimentos de alisamento envolvem o uso de calor excessivo e tração mecânica (como escovas progressivas com chapinha).

Isso pode levar à alopecia de tração, uma condição em que o cabelo cai devido à tensão constante no espaço por onde as madeixas crescem. Se não tratada, ela pode evoluir para uma perda definitiva de fios em determinadas áreas.

– Dermatites e queimaduras químicas

O contato do formol com o couro cabeludo pode causar irritação, vermelhidão, coceira e até queimaduras.

Em pessoas com sensibilidade, o risco de desenvolver uma dermatite de contato é alto, fazendo assim com que o quadro evolua para feridas e estágios avançados de descamação.

– Problemas respiratórios e intoxicação

Essa substância é volátil (ou seja, evapora muito facilmente) e, quando aquecida (como em escovas progressivas), libera vapores tóxicos que são facilmente inalados e podem causar:

  • irritação das vias respiratórias (tosse, falta de ar, chiado no peito);
  • crises de asma em pessoas predispostas;
  • intoxicação aguda, com sintomas como dor de cabeça, tontura e náuseas.

Se isso não fosse o suficiente, a exposição prolongada ao formol está associada a um maior risco de alguns tipos de câncer.

Leia também: Conheça os problemas mais comuns associados à calvície feminina

As alternativas seguras para esse tipo de procedimento estético

Diante dos riscos do formol, o ideal é sempre buscar alternativas menos agressivas para alisar os cabelos. Algumas opções mais seguras incluem alisamentos com produtos que utilizam elementos como ácido glicólico, tioglicolato de amônia ou hidróxido de sódio em baixas concentrações.

Ainda assim, é importante verificar a composição e realizar um teste de mecha antes para evitar reações adversas. Aplicar o produto sempre pelo menos a meio centímetro da raiz também ajuda. Outros cuidados básicos envolvem:

  • usar qualquer cosmético exclusivamente para a finalidade a que se destina;
  • suspender a aplicação se o couro cabeludo estiver irritado, lesionado ou com qualquer sinal de intoxicação;
  • jamais aplicar o produto em crianças;
  • fazer o uso durante a gravidez e a lactação somente com orientação médica.

Diante da dúvida sobre a procedência de qualquer alisante capilar, é possível consultar no site da Anvisa se ele está devidamente regularizado. Para isso, é necessário ter a embalagem em mãos e localizar no rótulo dados como número do produto, nome da empresa fabricante e seu respectivo CNPJ.

Nessas horas, o profissional de dermatologia também pode fornecer orientações específicas sobre como cuidar do cabelo com toda a segurança necessária.

Em resumo, o formol é uma substância perigosa que pode causar desde danos aos fios até problemas de saúde graves. Por isso, a dica principal é ficar longe dele para priorizar a saúde com alternativas mais seguras. Certamente existem opções menos agressivas que podem proporcionar bons resultados sem comprometer o bem-estar.

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Dra. Carla Bortoloto
Dra. Carla Bortoloto
Médica dermatologista, CRM-SP 122.883, formada pela UNIG (RJ). Especializou-se em Clínica Médica e Medicina Interna pela Casa de Saúde São José (RJ) e em Dermatologia Clínica e Cirúrgica pela Faculdade de Medicina Souza Marques (RJ). É membro da American Academy of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Dermatologia Clínica e Cirúrgica (SBDCC).

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